Ode à barbaridade

Tagarelando
2 min readApr 28, 2021

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O jovem de 20 anos, Willian Augusto da Silva sequestrou um ônibus no Rio de Janeiro numa terça-feira (20/08/2019). A atuação da polícia no evento foi primorosa, técnica e correta, de acordo com especialistas. A decisões foram tomadas como deveriam ser numa situação grave. Porém, a falta de humanidade se esconde no segundo acontecimento. Witzel foi fotografado comemorando como se estivesse em um jogo de futebol. Foram 39 vidas salvas, mas a perda de 1 ainda existe.

Em coletiva, o atual governador do Rio de Janeiro se justificou, “Algumas pessoas estão dizendo que comemorei a morte. Não. Comemorei a vida”. Existe mesmo uma diferença entre “comemorar a vida e comemorar a morte” nessa situação? No caso, comemorou-se a vida através da morte. A falta de humanidade se esconde nos detalhes, afinal, quando foi que nos demos conta de que seria bem visto comemorar algo desta forma.

Pode ser que sempre fizemos disto algo aceito dentro da sociedade. A eleição de Jair Bolsonaro com certeza legitimou esta e outras odes à barbaridade, como assassinato de Marielle (e do Moa do Katendê), da qual ele se desvencilhou o máximo possível. Uma eleição que alvejou os direitos humanos e intencionalmente, ligou a defesa da igualdade e equidade a “direito de bandido”. É simples “mirar na cabecinha”, quando não são os seus que morrem.

Desta forma, você não sana o problema da desigualdade (embora, o problema do sequestro do ônibus e da maioria dos crimes que acontecem dessa maneira não seja só desigualdade, mas também o psicológico adoecido por uma série de situações que foram criadas pela sociedade capitalista), mas mata a sede de sangue da elite brasileira, uma sede insaciável. Uma boca que vem sendo alimentada há séculos e nunca para de pedir mais.

Resta uma dúvida sobre a atuação primorosa da polícia. Se o plano era não deixar que o sequestrador retornasse ao ônibus, era mesmo necessário alveja-lo? A intenção não é julgar a atuação no momento dos disparos, (que aqui reforço, foi primorosa). É somente uma dúvida que permanece.

Ass.: F.F.C.

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Tagarelando

Jornalista, tagarela, baixinha e que não vive sem um bom filme, música ou livro e café no fim do dia.